Tardezinha não é só um show. É celebração, encontro, memória afetiva e revolução cultural. Criada por Thiaguinho há dez anos, a roda de samba que começou de forma intimista se transformou na maior turnê da história da música brasileira, reunindo mais de 600 mil pessoas ao longo dos anos. E, só em 2023, alcançando a impressionante marca de 750 mil.
Mas o que está por trás desse sucesso?
Talvez a resposta esteja no coração do próprio pagode. Como explica o sambista Xande de Pilares, “pagode” é o nome do encontro, da vivência coletiva em que o samba acontece. É onde a comida acaba, a bebida também, mas a alegria transborda. E foi exatamente isso que Thiaguinho construiu: um espaço onde a cultura preta, o samba e o afeto se encontram.
Em 2025, a Tardezinha retorna com força total, expandindo sua atuação no Brasil e no mundo. Pela primeira vez, o evento terá edições na África e na Oceania, além das já tradicionais apresentações em Portugal e nos Estados Unidos. Uma das passagens mais emocionantes da turnê foi por Luanda, Angola em um gesto de reconexão profunda com as raízes da música brasileira e um reconhecimento histórico da presença africana na nossa cultura. Quando Thiaguinho afirma que o “Brasil só existe porque existe Angola”, não está apenas emocionando o público: está fazendo política, construindo memória e reparação.
Ver um artista como Thiaguinho assumir esse lugar de protagonismo sem perder a ternura, a humildade e o sorriso de quem canta por prazer é um privilégio para quem acompanha sua trajetória desde o “Fama”, em 2002. Para muitos, é como ver um parente realizar um sonho coletivo.
Mais que um show, é uma plataforma. Com patrocínio de gigantes como Bradesco, Itaipava, Coca-Cola, Red Bull, LG, Burger King, Nivea Sun, Beefeater, Uber e agora a Avon (que se une ao time em 2025), a Tardezinha mostra como uma roda de samba pode se transformar em uma potência de marca e conexão emocional.
A parceria com a Cufa resultou na criação da Escola de Música da Tardezinha no Complexo da Penha (RJ), além de cursos técnicos e de graduação em parceria com a Estácio. Uma agência de viagens oficial, em colaboração com a Zupper, também foi lançada.
Ao todo, mais de cinco mil profissionais estão envolvidos na realização de cada edição. Segundo os sócios Rafael Zulu e Rafael Liporace, o projeto evoluiu de evento para plataforma de comunicação, e isso inclui licenciar a marca, fortalecer experiências fora dos estádios e manter o caráter único de cada show.
“Cada turnê é genuína, autêntica e inesquecível”, define Liporace.
No fim, a Tardezinha é o retrato de um Brasil que canta, samba e resiste. É pagode, é festa, é história viva. E em cada palma batida, cada coro afinado, há muito mais que música: há pertencimento.