Entrevista exclusiva aborda o papel do terceiro setor, a luta contra o racismo religioso e o impacto social dos templos afro-brasileiros
Em conversa com Danilo Rasquinho para o portal The Date News, o líder espiritual Baba Diogo, também conhecido como Babalorixá Diogo de Logun Edé, e a advogada especialista no terceiro setor, Dra. Mirian Folha, destacaram a urgência de regulamentar os templos religiosos de matriz africana para garantir acesso às políticas públicas. Segundo eles, muitos desses espaços seguem à margem das verbas governamentais por falta de documentação adequada.
A missão do terceiro setor nas comunidades
A Dra. Mirian Folha esclareceu que o terceiro setor atua onde o poder público não alcança. “Associações, ONGs e templos religiosos podem representar uma comunidade e, com isso, conseguir verbas públicas destinadas ao impacto social”, afirmou. Ela explicou que, mesmo com recursos públicos disponíveis, muitas casas religiosas não acessam esses benefícios por desconhecerem os trâmites legais. “O trabalho começa com a formalização: estatuto, ata, cadastro e documentos atualizados.”
O papel dos terreiros vai além da espiritualidade
Baba Diogo, sucessor do renomado Baba Mauro de Oxum e responsável por um templo em São Paulo e outro templo no Rio de Janeiro, destacou o papel social das casas de Candomblé. “Além da espiritualidade, acolhemos pessoas à margem da sociedade. Distribuímos cestas básicas, promovemos a capacitação profissional e incentivamos o empreendedorismo baseado na cultura afro-brasileira”, pontuou.

Entre os projetos citados estão a “Confraria de Olosuns”, o “Prêmio Iyalode” e o “Presente de Iyemanja de São Bernardo do Campo”, com atuação social em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil. “Precisamos que esses templos sejam reconhecidos formalmente para continuarmos esse trabalho com dignidade”, reforçou Baba Diogo.
Capacitação e impacto social como ferramentas de mudança
A Dra. Mirian Folha ressaltou que sua atuação não se restringe aos terreiros: “Também atendo templos evangélicos, associações de bairro, projetos com crianças, adolescentes e idosos. A regularização permite que essas entidades acessem recursos e continuem transformando vidas.” Ela lembrou ainda que muitas iniciativas são interrompidas por falta de conhecimento. “Às vezes, as casas começam um projeto, mas param por não saberem como seguir com a parte burocrática.”
Onde encontrar orientação jurídica e espiritual
Tanto Baba Diogo quanto a Dra. Mirian Folha estão disponíveis para orientar líderes religiosos interessados na formalização de seus espaços. “Quem quiser pode me procurar nas redes sociais. Estou pronta para orientar e mostrar o caminho. É simples, mas exige compromisso”, explicou a advogada. Baba Diogo também reiterou sua disponibilidade: “Nossas redes estão abertas. Atendemos em São Bernardo do Campo e no Rio de Janeiro.”
A conversa reforça a importância de unir espiritualidade e cidadania. Regularizar é um ato político, de resistência e de amor à comunidade. Como afirmou Baba Diogo: “O templo precisa existir também no papel para continuar existindo na vida das pessoas.”
- Danilo Rasquinho é empresário, influenciador e Jornalista (MTb 0094850/SP); - Redator Chefe no portal de notícias THE DATE NEWS; - Designer de moda, e em 2013, criou uma marca de roupas que leva seu nome: DANILO RASQUINHO.
