Em AVISO PRÉVIO o casal onírico ELA (Litta Mogoff) e OZ (Lisandro di Prospero) se desdobram em vários outros, em diferentes quadros de funções hierárquicas. Trata-se de momentos que antecedem fins inevitáveis, o rompimento de relações, funções sociais e da própria vida. O espetáculo explora o círculo vicioso e opressor, principalmente contra as mulheres, no qual nossa sociedade foi construída. Questões feministas levantadas por “ELA” serão acompanhadas da ausência de outra mulher, Rita, a empregada doméstica, permitindo que o diálogo sobre raça e classe permeie o espetáculo e atinja o público sem aviso prévio.
A dramaturgia é fragmentada em quadros, são situações simples, humanas, universais e extremas. Situações limites que revelem a intersecção entre gênero, classe social e raça. Não há um tempo cronológico, mas o fluxo é contínuo. “A vida não nos dá Aviso Prévio, não permite tempo de resposta ou assimilação dos acontecimentos diários. ELA e OZ representam e denunciam nossa estrutura social, por isso, manter em cena a agilidade proposta no texto foi essencial para colocar o público na mesma situação do casal” disse a diretora Pâmy Rodrigues.
Em sua primeira montagem Aviso Prévio foi encenado por Nicette Bruno e Paulo Goulart em 1987.
“Temos um mundo cheio de mulheres que não conseguem respirar livremente porque estão condicionadas demais a assumir formas que agradem aos outros. ” Chimamanda Ngozi Adichie